28 de janeiro de 2012

Já é hora... Deixa ir... Mas saiba: Eu te amo!!

Como essa vida é engraçada! Engraçado como quando você vai aprofundando nela, você descobre tanta coisa sobre você e coisas que nem imaginava a seu respeito. Como também maneiras de agir e pensar que você jamais imaginaria que teria algo a ver com algum fato/acontecimento da sua vida.
Que bela descoberta meu Deus! Como uma coisa que para mim parecia ser sem importância, na verdade era uma negação. Negação para não aceitar uma realidade que era forte demais para eu conseguir aceitar.
E agora vem a tona, anos de análise e somente agora vem a tona. Realmente as coisas tem exatamente a hora certa para acontecer, nem antes e nem depois... mas, a hora certa.
Enfim, pude chorar as magoas tão profundas dessa dor que me consumiu tanto que eu preferi esconder em forma tão perfeita inconsciente que aparecia em mim somente em forma de sintoma. Sintoma esse que me deprimia, me prostrava numa tristeza profunda que jamais encontrava respostas porque esse sentimento de uma hora para outra conforme ele me apresentava.
Como chorei... chorei... chorei... e coloquei para fora toda a raiva, toda a dor que naquele dia e naquele momento eu escondi e que agora ele veio com toda força dentro de mim. Como pode ser isso... eu tão pequena querer ser tão forte. E como eu posso ter convivido com isso esse tempo todo, sem ter me dado conta bem antes da raiva que eu carregava dentro de mim todos esses anos. Sim, uma raiva muito profunda que me deixava de mal humor sem mais nem menos. Raiva de uma perda que eu nunca aceitei inconscientemente e agora ela vem a  tona para eu vivenciar todo o luto não vivenciado e perdoar a você que me deixou aqui sozinha. Perdoar a  você que eu amava tanto e confiava tanto e me sentia tão segura ao seu lado. Como eu poderia aceitar perder um porto seguro e ter que assumir essa vida sozinha. Era dor demais pra mim, era pesado demais pra mim e agora eu olho mais madura e forte e  digo: É hora de aceitar e já é hora dessa raiva passar e deixá-lo descansar e que você também possa descansar. Descansar esse coração fatigado por querer ser tão forte, fatigado por querer sustentar/cuidar  dos outros e esquecer tanto de si.
Sim, tá na hora de perdoar e deixar ir... deixar ir com o vento, como numa brisa suave e acreditar que está bem aí, nesse lugar que imaginamos maravilhoso aos braços do Pai.
É hora de deixar ir... e aceitar que foi assim... e que a vida é mesmo assim... e é hora de se permitir abraçar de verdade, permitir-se ser cuidada, se entregar de verdade, não querer mais ser tão forte.

 Reconhecer sua fragilidade e permitir-se ser cuidada um pouco, permitir se apoiar um pouco. Permitir vulnerabilidade e que por vezes estais tão insegura e medrosa.
Já é hora de perdoar, de esquecer, de aceitar e tonar-te você mesma, trazer de volta aquele coraçãozinho frágil e inocente, coração de criança que ficou naquela madrugada de 1991.

É hora de ressurgir das cinzas e recuperar aquele coração puro que não tinha medo de perder, e que em consequência, não tinha medo de amar!!
Ah, coração! Quão duro tu te tornastes todos esses anos... e a criança que era para viver e ser como criança, tão nova assumiu posturas tão sérias e atitudes de adulto. Deixou de ser criança tão cedo e assumiu responsabilidades tão pesadas para a sua idade.
Responsabilidades, atitudes, posturas que levou para a vida adulta não permitindo-se ser amada, cuidada, protegida, porque em sua crença ela tinha que proteger, cuidar... ser forte!
E agora? Vem a libertação? Tá na hora de deixar ser cuidada um pouco? Ser protegida? Ser amada? Tá na hora de deixar alguém te amar de verdade? Te proteger de verdade? Te ajudar de verdade? Estar do seu lado de verdade? Já tá na hora... de ser um pouco frágil... um pouco criança... e parar de mandar pessoas embora da sua vida?
Sim... ele foi embora e o que eu posso fazer... eu não tenho nenhum controle sobre a vida... não sou tao forte assim e nem tao poderosa assim. Não pude trazer de volta nem a vida de quem muito amava.
E a culpa e o medo que carreguei todos esse anos?? Medo de perder, medo de ser rejeitado. Será por isso que no fundo... no fundo... nunca vi Deus como misericordioso? Eu não era muito nova para perder? Ainda mais perder alguém que me era tão próximo e do qual o sentimento de amor era puro, leve e verdadeiro? Acaso Deus foi bom pra mim? Eu era apenas uma criança... uma simples criança!
Tudo bem, a raiva veio a tona com toda a intensidade de ter ficado guardada aqui dentro todos esses anos e então chega o momento do perdão... primeiro perdoar a mim mesma, perdoar a Deus e então perdoar a você meu irmão por ter me deixado tão novinha, tão indefesa e cheia de amor por você.

 Perdoar a você por ter sido tão aventureiro naquela madrugada e porque você naquele momento não lembrou de mim que estava em casa dormindo e que fui acordada no súbito com a notícia da sua saída deste mundo. Talvez então seje por isso, é é isso, que passei todos esses anos sem vontade de acordar, acordar para a vida e sem querer ouvir um barulho de telefone. Não sabe que muitas vezes eu o desligo quando estou sozinha??
Sim, é isso, mas agora chegou o momento de acordar! Já é hora de acordar! De encerrar as promessas feitas naquela madrugada e de seguir, de ir adiante!
Já chegou a hora, é hora de viver! E você aonde estiver... que esteja em paz, que esteje feliz! Eu hoje perdoo você! Eu amo você!!!


Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver


Milton Nascimento -  TRAVESSIA


Você acaso se lembra daquele dia com aquele pequeno espelho sentados na porta da cozinha da nossa simples casinha, com os rostinhos colados olhando nossos olhos: "Nossa... nossos olhos são iguaizinhos"! E era, você lembra? Os mesmos tons, os mesmos traços... o mesmo formato!





De certo um lugar, uma historia que só nos conhecemos e só nós sabemos o que sentimos!

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